segunda-feira, 30 de agosto de 2010

chave

Embora estejas constantemente a tentar evitá-lo, acredito convictamente que existem dias em que ao acordar recebemos a chave para abrir todas as correntes a que estamos presos. Alguns de nós sabem pegar na chave e arriscar, experimentar cada cadeado até encontrar aquele que nos liberte; outros limitam-se a ignorar que a receberam e continuam aprisionados nos seus medos e dúvidas; aprisionados no medo de tocar a dor da verdade. E enquanto esses se escondem por detrás de mentiras tentando evitar a dor, os outros depois de uma dura e demorada procura encontram por fim a felicidade na verdade, ainda que pisados, marcados e feridos, com sede e saudade, mas sem mais dúvidas, sem mais medos. É essa a diferença entre nós. Eu arrisco e magoou-me na verdade, tu proteges-te com a mentira. Porém sabemos quem deitou a chave fora, e esse peso serás sempre tu a carregar.
Hoje recebi uma chave diferente, creio que todos os dias recebo uma, infelizmente, nem todos os dias consigo abrir o cadeado a tempo.
Hoje consegui. Não é fácil, são tantas correntes entrelaçadas em mentiras que me sufocam mas, não desisto de chegar ao que é certo. Quando o desejo de liberdade é verdadeiro então nada nem ninguém pode travar a batalha em sua procura. Hoje abri mais um, abri-o só para mim, só para respirar mais um pouco de ar puro, lentamente. E assim, aproximando-me mais do dia em que vou finalmente livrar-me de todas as correntes, de todo o pó sujo que atiras sobre mim.
Sabes, o meu desejo era jogar fora todas as correntes de uma vez, partir todos os cadeados e correr sem mais metas, sem mais contradições e mostrar a todos que consegui, que apesar de toda a tua luta desonesta com o objectivo de me sufocar eu libertei-me e posso correr sabendo que mesmo que me tentes fazer tropeçar eu não volto a cair. Tento a cada dia convencer-me que tudo é uma questão de tempo. A calma e paciência têm feito parte da minha vida nestes momentos. Acontece que o desgaste já é demasiado e o desejo de por fim sair deste labirinto de mentira torna-se cada vez maior e mais difícil de suportar.
Sim, devo confessar que há dias em que caiu e sinto-me demasiado fraca para continuar. Felizmente, são momentos que consigo superar. Tudo depende de mim, da força que tiver, dos objectivos e ambição. E garanto-te que podes tentar tirar tudo, mas nada disso vai contigo. E ainda que sozinha, vou ter sempre comigo a verdade. Então cada lágrima que (ainda) possa cair e só um descanso para recuperar forças e chegar até ti com tudo. O passado? Não lamento, não relembro. O caminho pode ser longo, mas meu amor, eu sobrevivo. E sabes qual foi o teu erro? Quando tomaste a decisão de tentar tudo contra mim, não te lembraste de quem conheceste, não te lembraste que só pode algo contra mim quem eu deixo. Em relação a ti? Não vou deixar, nunca.
Eu sou feliz, e tu? Espera, responde-me apenas quando estiveres a sufocar no teu mar de mentiras, é que caso não saibas eu sei nadar, não me vou afogar contigo. Vou recomeçar tudo o que quiseste destruir e a razão serei apenas eu. A chave fui sempre eu.

 
Até lá então.

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